sábado, 13 de fevereiro de 2016

Par de passaros (o que é certo)




Meio encabulado, tímido, pé ante pé caminhei até o encontro
Surpreso, parei atordoado e perdi o ar, abatido pela luz do teu sorriso
E bem recebido, tomei coragem, sem conseguir segurar um sorriso fugitivo
Ah, menina, roubar meu ar e o sorriso assim não é certo

E a espera foi recompensada pelos olhinhos cerrados e perigosos
De um castanho tão vivido quanto toda uma floresta
Tão profundos e intensos que sinto como se eu fosse me perder e afundar para sempre
Ah moça, andar com joias tão preciosas não é certo

Então conversamos sobre o céu branco, rindo e rubreando
E cada movimento, cada balanço elegante como um floco branco
Dançando e hipnotizando, alegre como uma ciranda enquanto cai
Ah mulher, roubar todo meu chão e meu mundo não é certo

Mas veio a silenciosa e impiedosa bruma, falando que já era hora
Como um frágil pássaro, agitou as asas e se foi
Deixou uma pena preta no chão como uma cruel e inesquecível lembrança
Ah, pássaro negro,  agora nem sei mais o que é certo, mas quero voar ao teu lado
Como duas sombras, em direção da lua


-Para: Julia

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