segunda-feira, 23 de agosto de 2010

Ninguem


Do nada ele veio
e para o nada foi

Nasceu incompleto
Olhava com indiferença

Via o mundo por detrás das vitrines
Achava as pessoas barulhentas

Nunca sentiu
Nunca sentiu falta de sentir

Tristeza e medo eram desconhecidos
assim como alegria e felicidade

Sabia que tudo o evitava
Sabia que era vazio
               
Mas
Um dia foi aceito
Um dia foi-lhe permitido sonhar
Um dia foi-lhe permitido rir
Um dia foi-lhe permitido sorrir
Um dia foi-lhe permitido sentir
Ele sentiu e gostou.
Então, quando sua felicidade o guiava
Ele aprendeu que a noite sempre termina o dia

Antes que pudesse entender
o seu sol havia partido
e só restava a noite fria

Não pode entender
Não pode aceitar
Não pode suportar
Mas pode sentir

O novo vazio o atormentou
e isso o fez perder o rumo

Em seu desespero desejou que nunca mais sentisse
 e fez que nunca mais sentisse enquanto jazia no chão

Por que
Do nada ele veio
e para o nada foi.

segunda-feira, 16 de agosto de 2010

Meus fragmentos de espelhos

   “A quanto tempo olho no espelho e não me vejo?
Quando olho, primeiro penso “o que sou”, vampiro, fantasma ou simplesmente ninguém? Mas olho e vejo alguém, não eu. Forma de gente, olhar distante. Penso comigo, sou isso?
Nego balançando a cabeça, rindo de minha própria ignorância.”

   Um pedaço de um poema (não terminado) meu. Até confesso ser inspirado num dialogo do filme “paranóia” (que inclusive recomendo). Mas estava pensando a algum tempo, se um espelho reflete meu eu físico, existe algum espelho que me reflete verdadeiramente. Até estremeci de pensar na resposta, e no que veria.

   Então, durante uma aula de calculo, enquanto escrevia , surgiu a resposta. Percebi que eu estava diferente, percebi que faltou algo no fim de semana, senti que não me via direito, na me reconhecia. Lembrei então que foi o final de semana do dia dos pais e eu não havia visto meus amigos.

   Eis então o verdadeiro espelho do que somos. Não desmerecendo em nada os pais, mas é esse o tipo de amizade tão rara que desfruto. Quantas pessoas morreram sem saber que tipo de amizade é essa? Quantos já vieram me parabenizar pelos meus amigos.. e até confessar inveja (saudável .. espero)

   Ao ver, conversar, partilhar um sorriso com uma dessas pessoas especiais, vejo um pedaço de mim neles. Um gosto em comum, uma piada seguida de gargalhadas, um sorriso sincero de prazer pela presença da pessoa apenas, não importando a situação, isso faz uma amizade ser única. Encontrei assim, o espelho que questionava a existência.

   Esse post serve como primeiro agradecimento a cada pessoa que considero amigo, as mais importantes bases de minha vida. Um agradecimento a cada pessoa que fez minha vida ficar suportável, depois boa e até feliz. Um agradecimento aos que me apoiaram e me incentivaram direta ou indiretamente. Ao templo de nossa amizade.

   Eu gastaria intermináveis horas pensando e escrevendo o nome e o motivo de cada amigo, mas alguns não poderiam passar despercebidos.

   Obrigado:
Anderson, Estenio, Fabio, Patricia, Flavio, João, Jovana, Luiz Guilherme, Guto, Lainy, Felipe (estagi), Mariana, Guilherme Leonel, Camila... entre outros

   Bônus(frase clichê) : Eu poderia suportar, embora não sem dor, que tivessem morrido todos os meus amores, mas enlouqueceria se morressem todos os meus amigos!"

segunda-feira, 9 de agosto de 2010

Do personagem, do prisioneiro, da prisão

    Tanto disse de conhecer à própria prisão, mas posso dizer que me conheço? Não totalmente, sempre me pego surpreso por alguma proeza feita, ou algum gosto novo.

    Todos são complexos, até mesmo as formigas. Me lembro de, quando criança, passar várias horas acompanhando-as por horas com os olhos baixos, vendo como viviam.

    Cada pessoa tem algo como uma profunda caverna onde conceitos e limites o definem, tão imensa que em determinada distancia, nem a mais tênue luz alcança e mesmo que se corra intensamente, não será possível prestar atenção devida em tudo e, a cada dia que temos novas experiências, conhecemos novas pessoas e mudamos, a caverna muda e cresce um pouco.

    Existindo isso, não deveria haver pessoas simplórias ou superficiais. Porem é um fato que elas existem. Mas como podem existir pessoas profundas e superficiais? Simplórias e complexas? Elas seriam então pessoas que temem ou não se interessam por si mesmas e nem tentam se conhecer minimamente, permanecendo do lado de fora.

    Porem, o que procura apenas se conhecer, é igualmente tolo, “Sábio aquele que olha para o mundo afora como olha para si mesmo, que vive intensamente sem deixar o óleo cair”.

    Então, voltando ao tema da postagem, posso dizer que sou um homem que gosta de livros, RPG, dos amigos, alguém romântico, idealista, as vezes utópico, que procura ser justo, as vezes cientifico, com mente fértil, desatento, que detesta seu passado, manga (a fruta), praia, pessoas ignorantes e outras coisas. Eu poderia ficar horas me descrevendo, mas para isso virão alguns posts no futuro. Afinal incontáveis são os elos da corrente e os passos até o final da caverna.

    Me conheço? Não completamente, por isso continuo a andar lentamente, tateando no escuro.

terça-feira, 3 de agosto de 2010

Bem vindo à minha prisão

   Apresento-te essa jaula, o cativeiro de minha consciência, que diferente do aço, ferro e titânio que prendem nossos corpos, são feitas de pensamentos, palavras e verdades pessoais.


   Depois de tanto tempo retido, é comum a mente se deteriorar lentamente. Logo viriam o medo, a irracionalidade, a rebeldia e por fim, a morte da personalidade. Mas isso pode ser evitado, bastando só alguns poucos fatores. Aceitação, Observação e prudência.


   Aceitar que somos todos reféns de nossos próprios pensamentos;

   Observar a nossa própria mente e as correntes que nos prendem, identificando os pensamentos;

   Prudência para saber quando fugir desses pensamentos e as conseqüências de fazê-lo;


   Qualquer um ficaria louco ao fazer isso. É o peso de descobrir ao fundo quem realmente és. Assim admito que sou louco. Mas isso pode ser amenizado. Para manter pelo menos parte da sanidade devemos ter prêmios, devaneios, desejos, objetivos e sonhos. È como a translucida água que nos dá a sensação de voar.
  
Voltamos assim à prudência, pois viver demais nessa água, faz uma pessoa se afogar, afundar sem mais poder sair.


   Entendida e controlada a prisão, fico aqui para mostrar o que observo. Desvendar e mostrar cada elo da corrente que prende meu julgamento e o de pessoas que ouso dizer que conheço. Explorar os oceanos que compõem meus sonhos e (quem sabe) encontrar verdades que descobri daqui.


   Mas como isso virá?

   Reflexões, citações, criticas a filmes, livros, series e outras, textos em prosa e verso ou simplesmente desabafos. Porem esses conceitos são tão maleáveis. Talvez de uma citação surja um conto, de um desabafo venha uma poesia, de um livro venha uma reflexão. Talvez.


   Afinal, essa é a minha prisão e você sempre Será bem vindo a visitá-la.